15/08/2022

Higiene Bucal em pacientes debilitados deve ser prioridade

Falta de cuidado com a limpeza da boca pode provocar doenças graves em pacientes que necessitam de atenção permanente

Cuidar da limpeza dos dentes, da língua e das gengivas deve ser um hábito. Essencial para a saúde, a higiene bucal é ainda mais importante nas pessoas que necessitam de atenção permanente, como em indivíduos enfermos. E dar pouca relevância ao ato pode gerar graves consequências.

A cirurgiã-dentista e especialista em oncologia e cuidados paliativos, Carolina Borges, explica que vários problemas de saúde surgem por causa da má higienização da boca. “O paciente, muitas vezes, tem uma infecção de origem desconhecida, mas quando você avalia a cavidade oral, lá está o foco. E por estar em uma cama, de ter a necessidade de cuidado intenso, não há a devida preocupação”, afirma.

Doenças graves
Segundo Carolina, uma das complicações recorrentes da falta de atenção à limpeza da boca é a pneumonia aspirativa. A doença é desenvolvida por causa da absorção de saliva contaminada pelas vias respiratórias. “Podem ocorrer situações em que o indivíduo fica tomando vários antibióticos, sem que se saiba o que realmente tem. Então, até ser descoberto o agente causador da patologia, a enfermidade vai e volta, em um ciclo repetitivo”, alerta.

Entretanto, a pneumonia não é a única doença provocada pelo descuido à higiene bucal. A ausência do hábito também pode ocasionar outros problemas graves à saúde. A cirurgiã-dentista explica que a boca não é um órgão único, pois tem relação com diversas outras estruturas do organismo. “Hoje, há a comprovação da ligação com o coração, que traz enfermidades como a endocardite. Mas a gente também sabe da associação ao AVC e a alterações glandulares, ou seja, vários sistemas sentem”, explica.

Agentes infecciosos
De acordo com a cirurgiã-dentista, a ingestão de alimentos provoca a formação de biofilme, que é uma camada de sujeira. Após 8 horas sem higienização, esse material apresenta micro-organismos. E com 24 horas, existem agentes nocivos.

Carolina ressalta que é comum haver cáries em pacientes acamados. Isso ocorre, principalmente, porque eles podem sofrer regurgitações. E o alimento que volta torna-se um foco de infecção.

Outro problema é que pessoas nessa condição salivam muito e ficam com secreção acumulada, além de não terem uma deglutição de qualidade, o que representa uma situação de muito risco.

Como fazer a higiene bucal
A higiene em indivíduos debilitados é difícil, pois, muitas vezes, existe uma resistência na abertura da boca. Por essa razão, a família, o técnico de enfermagem ou o cuidador têm dificuldade em passar o fio dental e realizar a limpeza correta.

O principal procedimento é a remoção de tártaro. A intervenção deve ser feita pelo dentista a cada quatro meses. Contudo, os retornos dependem do comportamento dos cuidadores e da família. Além disso, é fundamental realizar uma higiene eficaz dos três lados do dente, pelo menos três vezes ao dia.

Carolina esclarece que uma simples conscientização sobre a higiene bucal é muito importante para cortar o ciclo de saliva contaminada, foco infeccioso e pneumonia de repetição. “Dente limpo não é dente doente. Dente doente é dente sujo”, enfatiza.

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